Coletivo Reviveno: Arte e conscientização ambiente na periferia sul de São Paulo

A década de 1970 foi mundialmente marcada por movimentos de contracultura que tinham como objetivo quebrar os tabus e padrões impostos pela sociedade da época.

Justamente nessa década, um grupo de jovens encontrou no grafite uma forma de expressar as suas ideias. No final desse mesmo período, o grafite chegou ao Brasil, ganhou força nas periferias do país e dividiu a sociedade entre aqueles que o admiravam como forma de expressão artística e aqueles que o rotulavam como vandalismo.

Nesse artigo, vamos conhecer a trajetória do artista plástico, Rodolfo Gomes, com o Coletivo e Espaço Cultural Reviveno, como ele transforma a estética da periferia sul de São Paulo, a vida de seus moradores e promove o desenvolvimento comunitário local através do grafite.

Nasce o Coletivo Reviveno

O grafite tirou Rodolfo Gomes de um momento difícil de sua vida, no qual se sentia perdido e sem perspectivas, e tornou-se não apenas uma maneira de expressar as próprias ideias e sentimentos, mas também uma forma de transformar o território em que vive, contribuindo para a saúde local e melhorando o aspecto visual da cidade.

“O Reviveno nasceu de um veneno que passei durante um período da minha vida. Queria ser artista e não tive apoio de ninguém. Depois de muito tempo no veneno na rua, venci todos os obstáculos. Tudo o que eu sonhava se perdeu no veneno. Com o próprio veneno fiz o antídoto da cura que é a arte na minha vida”, explicou o arte educador.

O artista começou a fazer grafite em 2002, mas conta que a ideia do Coletivo Reviveno nasceu apenas em 2016, em uma viela do Jardim Ângela, na zona sul da capital paulista. Diante de um beco degradado pelo acúmulo de lixo e pelo tempo, ele resolveu agir: limpou a área e fez um grafite dando uma outra cara para o local e um novo rumo para a própria história. Um trabalho de revitalização que Rodolfo já fazia desde 2011, mas foi só a partir daí que não parou mais de espalhar o seu talento pelas paredes da comunidade de uma cidade tão cinza. 

No entanto, para o grafiteiro isso ainda era pouco, ele queria que a arte fosse um combustível, uma chance de um futuro melhor para tantos outros jovens periféricos, como é pra ele. Através do Coletivo Reviveno passou a ministrar oficinas de grafite em que trabalha a arte e suas expressões, assim como a conscientização da população local sobre aspectos ambientais e seus impactos na vida de todos.

Desenvolvimento, metas e conquistas do Coletivo Reviveno

Atualmente, o Coletivo Reviveno oferece, de forma gratuita, oficinas de grafite que mesclam arte e reciclagem como forma de contribuir para a conscientização artística e ambiental da população periférica.

Rodolfo garante que todos podem participar do projeto que atende as comunidades carentes do Jardim Ângela e a Favela Vila Fundão, no Capão Redondo, ambas na periferia sul de São Paulo. 

Agora, o arte educador está ampliando a iniciativa com a criação do Espaço Cultural Reviveno, ainda em processo de construção física, mas com o propósito definido de fomentar a arte e a cultura na periferia e promover o combate à miséria oferecendo oportunidades de aprendizado e evolução para os moradores da região.

“Sempre tive um sonho de tocar um projeto e ajudar pessoas que estão com vulnerabilidade social, eu sei bem o que é passar um veneno, e sempre tive essa empatia de ajudar a melhorar e revitalizar lugares e vidas degradadas”, declarou Rodolfo Gomes.

A Fundação ABH e o Coletivo e Espaço Cultural Reviveno

Nós da Fundação ABH somos extremamente gratos ao Rodolfo Gomes e a todos que estão engajados em fazer acontecer o Coletivo e Espaço Cultural Reviveno pela oportunidade de conhecê-los e poder trocar ideias, experiências e propósitos de vida.

Além da confiança depositada em nossa organização e nos nossos parceiros Fundação Alphaville, Instituto Jatobás e Macambira Sociocultural através do edital aTUAção PerifaSul, que ofereceu oficinas, mentorias e apoio financeiro para que iniciativas e lideranças locais da periferia sul de São Paulo pudessem se desenvolver e transformar o território em que vivem ou atuam.

“Conheci o aTUAção PerifaSul através de um trabalho voluntário que eu estava participando. O edital me ajudou a construir um espaço cultural na comunidade, ainda estou em processo de reforma, fizeram bastante doação de alimentos para a comunidade e para eu que sou proponente consegui manter meus projetos e minhas artes em produção”, destacou o artista plástico.

O Coletivo e Espaço Cultural Reviveno é uma das iniciativas culturais que conhecemos ao longo do período do edital que tem como base o acesso à arte, neste caso o grafite, que conecta a população periférica com a própria expressão artística e promove a conscientização ambiental revitalizando espaços e vidas degradadas nas comunidades paulistanas.

Fomentar a cultura, impulsionar os talentos artísticos e conscientizar a população sobre, dentre outras coisa, questões ambientais e seus impactos na comunidade são alguns dos pilares do projeto PerifaSul 2050, idealizado pela Fundação ABH com a participação de diversos atores locais, que enxerga o grande potencial humano existente na região, identifica as temáticas prioritárias para o território e pensa em possíveis ações para trazer melhorias e desenvolvimento local

“A periferia sul de São Paulo tem um grande potencial humano, criativo, articulado e capaz de desenvolver ações que possam servir de modelo para outras regiões do Brasil. Por isso, tudo que desenvolvemos tem sempre a participação de atores locais na sua concepção”, explica Marina Fay, Diretora Executiva da Fundação ABH.

Reforçamos aqui que abraçamos e nos inspiramos com o modo de pensar e fazer do Coletivo e Espaço Cultural Reviveno, pois também acreditamos que a arte é um instrumento poderoso para transformar vidas e espaços degradados e marginalizados pela sociedade.

Juntos podemos transformar!