Conheça as bibliotecas comunitárias da periferia sul de São Paulo

A Fundação ABH acredita que a educação é um dos pilares da sociedade e um dos recursos fundamentais, tanto para o desenvolvimento pessoal quanto para o desenvolvimento comunitário. Ao longo de nossa jornada, apoiamos inúmeras iniciativas voltadas à diversas formas de aprendizagem, dentre elas a leitura.

A leitura é um hábito muito importante, que deve ser estimulado desde a primeira infância. Primeiro porque ajuda as crianças a aprenderem a falar, conhecerem ainda mais as letras e palavras, mas também, nas outras fases da vida, estimula o raciocínio, melhora o vocabulário e aprimora a capacidade interpretativa do leitor bem como a sua criatividade, comunicação e senso crítico.

Entretanto, nem todos têm acesso aos livros, pois nem todas as escolas têm bibliotecas, alguns não conseguem nem frequentar as escolas, mas também, para quem vive em situação de vulnerabilidade social, é difícil adquirir uma obra.

As bibliotecas públicas seriam uma boa alternativa nesse contexto, mas, de acordo com dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), mantido pela Secretaria Especial da Cultura, do Ministério do Turismo, houve uma perda de 764 bibliotecas públicas no Brasil, entre 2015 e 2020. Segundo a SP Leituras, só em São Paulo, 538 foram fechadas sem um motivo definido.   

Neste cenário, as bibliotecas comunitárias intensificaram ainda mais o seu papel social e são as protagonistas do artigo de hoje onde falaremos sobre o que são elas, sua importância e onde estão localizadas na periferia sul de São Paulo.

O que são e como funcionam as bibliotecas comunitárias?

As bibliotecas comunitárias são ambientes físicos criados e mantidos por iniciativa iniciativa de moradores ou de entidades que atuam em benefício de suas comunidades. 

A existência e o funcionamento de uma biblioteca comunitária independe de financiamentos privados ou governamentais, por isso podem contar tanto com um acervo variado de obras quanto identidade e proposta específicas, que variam de acordo com seus criadores. 

As doações, o trabalho voluntário e o interesse popular é o que essencialmente faz uma biblioteca comunitária manter suas portas abertas no território.

Dados estatísticos das bibliotecas comunitárias no Brasil

De acordo com um levantamento da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC), existem cerca de 143 unidades espalhadas em nove estados brasileiros das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. 

A RNBC é um movimento que atua em prol da democratização do acesso ao livro, à leitura, à literatura e às bibliotecas sob a perspectiva da leitura como direito humano. A iniciativa é composta por 11 redes de diferentes estados do país que conectam pessoas e instituições de forma horizontal para cooperar nessa causa.

A LiteraSampa, por exemplo, interliga 18 bibliotecas comunitárias dos municípios de São Paulo, Mauá e Guarulhos em prol do direito à leitura através da troca de saberes e experiências e de ações e atividades coletivas. Dessas unidades, nove estão localizadas nas periferias sul e sudeste da capital paulista.

A seguir, listamos cada um delas, bem como unidades geridas por projetos apoiados pela Fundação ABH, para que mais moradores da região acessem seu acervo e contribuam com a manutenção das mesmas no território.

Bibliotecas Comunitárias da periferia sul de São Paulo

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA CAMINHOS DA LEITURA

Inaugurada em 2009 pelo IBEAC – Instituto Brasileiro de Estudo e Apoio Comunitário, a biblioteca reunia mais de 5.000 obras literárias em seu acervo era localizado no Cemitério de Colônia em Parelheiros, extremo sul da capital paulista, mas, durante a pandemia, precisou desocupar a casa após receber uma intimação extrajudicial da diretoria da Associação Cemitério dos Protestantes (ACEMPRO), que queria construir novos túmulos no local.

Com isso, a iniciativa desenvolveu o projeto “Eu (a)guardo a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura”, através do qual amigos e parceiros da biblioteca receberam uma bolsa com dez obras literárias, tornando-se assim guardiões e guardiãs do acervo e permitindo que ele continue circulando na comunidade. Pouco tempo depois, um terreno, nas proximidades da antiga sede, foi doado ao projeto, que pôde se manter vivo no local.

Onde: Rua Sachio Nakao, 21 – Colônia

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA FILOCZAR

A editora FiloCzar, possui uma livraria no Parque Santo Antônio, na região do Jardim São Luís, que disponibiliza uma sala de leitura aberta à comunidade. Essa conta com mais de quatro mil títulos de diversos gêneros para empréstimo e consulta no local, além de realizar diversas atividades, como o Café Filosófico,  Cinefilosofia, bem como abre espaço para que autores lancem suas obras. Uma curiosidade também é que o espaço já serviu para permitir que outras iniciativas do território, que não tinham espaço, pudessem utilizar o local. Foi assim como o Desenrola e Não Me Enrola!

Onde: Rua Durval Guerra de Azevedo, 511 – Parque Santo Antônio

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA DJEANNE FIRMINO

Fundada em 2009 pelo poeta, agitador cultural e criador do Sarau do Binho, Robinson Padial, a biblioteca é gerida pela Coletiva Achadouras de Histórias e conta com quase 3 mil livros para empréstimo e consulta. Além disso, oferece mediação de leitura, rodas de história, oficinas sobre diversos temas, dentre outros encontros e ações culturais, e também é palco para o Sarau da Peraltagem, realizado com crianças pequenas..

Em 2019, a Fundação ABH apoiou a Biblioteca Djeanne Firmino através da Coletiva Achadouras de Histórias, que participou do edital de 2019 da Fundação ABHl, em que realizou um curso formativo em mediação de leitura para 26 jovens moradores do Jd. Olinda, Campo Limpo e região..

Onde: Rua Carandazinho, 50 – Jd. Olinda

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA ESPAÇO JOVEM ALEXANDRE ARAUJO CHAVES – EJAAC

A biblioteca do EJAAC foi construída em 1996, nos fundos da Paróquia São Francisco de Assis e, há 27 anos, é um espaço que permite o empréstimo de livros, CDs, DVDs e ainda oferece oficinas de escrita e música.

Onde: Rua Achaira, 12 B – Chácara Santa Maria

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA LUIZA ERUNDINA

Em 2008, o Bloco do Beco fundou o Bloquinho de Brincar, um espaço criado para que as crianças pudessem aprender brincando. Em 2021, o projeto foi transformado na Biblioteca Comunitária Luiza Erundina, que tem como objetivo democratizar o acesso aos livros e a literatura, bem como promover a conexão de crianças e adolescentes com histórias sobre a população negra e sua diáspora.

Onde: Viela Química Jardim, Rua Acédio José Fontanete, 86 – Jardim Ibirapuera

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA DE HELIÓPOLIS

Criada em 2005, a Biblioteca Comunitária Heliópolis reúne mais de 13 mil livros em seu acervo, que está disponível para leitura de forma gratuita, além de realizar oficinas artísticas e culturais.

Onde: Rua da Mina, 372 – Heliópolis

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA PRÓ-SABER SP

A Biblioteca Comunitária Pró-Saber SP foi fundada em 2015 pelo Instituto Pró-Saber, em Paraisópolis, a segunda maior comunidade de São Paulo. Com mais de 20 mil obras infantojuvenis em seu acervo, a unidade recebe cerca de 12 mil visitas por ano e promove a formação de mediadores, agentes de leitura e leitores em geral.

Onde: Rua Manoel Antônio Pinto, 974
- Paraisópolis

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA FLOR DE CEREJEIRA

Gerida pela CIA de Artes Decálogo JALC, a Biblioteca Comunitária Flor de Cerejeira é um espaço que oferece mais de 800 títulos em seus quase 18 mil livros disponíveis para empréstimo, consulta e troca. A maioria desses livros são fruto da parceria com a Fundação ABH e IBEP que, durante a pandemia, doou 22.387 livros para várias organizações. A Biblioteca também também realiza oficinas e ações complementares.

Onde: Rua Seringal do Rio Verde, 41, Parque Boulogne

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA UBUNTU

A Biblioteca Comunitária Ubuntu é gerida pelo Espaço Cultural Dona Xica, em Parelheiros, no extremo sul da capital paulista, tem mais de três mil livros infantojuvenis em seu acervo e é palco para saraus temáticos e oficinas de mediadores de leitura.

Onde: Rua Domenico Lanzetti, 52 – Jd. São Norberto

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA AZUL DAS ONDAS

A Biblioteca Comunitária Azul das Ondas, é gerida pelo CPCD Parelheiros Saudável: Territórios Abraçados, possui mais de oito mil títulos literários para empréstimo e consulta, alguns dos quais foram doados pela Fundação ABH, além de realizar mensalmente  oficinas ligadas à promoção da literatura, como: praia literária, contação de história, mediação de leitura, Banco do Livro, clube do livro, empréstimos e doações de livros.

A Fundação ABH apoiou o CPDC de 2015 a 2018, com o então projeto Sementinha que se transformou no Projeto Comunidade Saudável, e teve como objetivo contribuir para a transformação dos bairros São Nicolau e Novo São Norberto, em Parelheiros, em Comunidades Saudáveis, tendo os 16 princípios da “Carta Terra”, como os norteadores de todas as ações.

Onde: Rua das Figueiras, 27 – Vargem Grande/Parelheiros

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA CASA DAS HISTÓRIAS

A Biblioteca Comunitária Casa das Histórias oferece mais de 1.200 livros para os moradores do bairro Cidade Nova América, em Parelheiros, além disso semanalmente realiza uma oficina de alfabetização para idosos da comunidade. A iniciativa de mesmo nome ainda abre espaço para outros projetos, como o Mães Mobilizadoras, com foco em cuidado com a primeira infância, mulheres, mães e gestantes, e o Guardiões, que desenvolve atividades culturais e educativas com crianças de 7 a 12 anos.

Onde: Rua Jane Vanine Capozi, 160 – Cidade Nova América

Em 2020, a Fundação ABH encabeçou uma campanha para doação de livros em benefício da população da periferia sul de São Paulo. Através dessa ação, arrecadamos 22.387 livros de diversos gêneros, que foram doados pela Companhia Editora Nacional, Conrad Editora e a IBEP e contemplaram sete iniciativas do território, que puderam realizar o sonho de montar ou expandir sua biblioteca para a sua comunidade. 

Confira as iniciativas beneficiadas:

  • Reflexões de Liberdade
  • Bloco do Beco
  • TrouPé na Rua
  • Caminhar com Amor é a Solução
  • IBEAC/CPCD
  • Capão Cidadão
  • Cia de Artes Decálogo JALC

Gostou do assunto deste artigo? Fiquem ligados nos próximos posts, pois traremos mais pautas que contribuam com o desenvolvimento comunitário da periferia sul de São Paulo.